Série ‘Invasão de Privacidade’ retrata flagrantes em investigações policiais

02/07/2015 13h30
Do G1 Itapetininga e Região

Aparelhos registram atos ‘escondidos’ e são provas para desvendar casos.
Tema é o quarto abordado em série produzida pela TV TEM Itapetininga.

Sem título1

Reportagem exibida em 02 de julho de 2015, disponível em http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2015/07/serie-invasao-de-privacidade-retrata-flagrantes-em-investigacoes-policiais.html

 

A série “Invasão de Privacidade”, produzida pela TV TEM Itapetininga (SP), aborda a exposição da vida íntima atualmente. O quarto episódio, exibido nesta quinta-feira (2), retrata a utilização de flagrantes feitos por câmeras e celulares em investigações policiais. As câmeras estão posicionadas em locais não esperados, e os celulares que fotografam e filmam estão em posse de quase todo cidadão. Esses aparelhos registram situações que não se tornariam públicas, e que são utilizadas para desvendar casos.

Foi por meio das imagens de um celular que em setembro de 2014 passado a Polícia Civil de Araçatuba (SP) prendeu um homem acusado de torturar a enteada de 2 anos. No vídeo feito por ele próprio, a criança aparece sonolenta, mas ele não a deixa dormir. Em outro momento, ele assusta a menina que está quase dormindo sentada. A enteada fala para o padrasto que está com sono e que quer dormir, mas o empresário a mantém sentada na cama.

Além da tortura, foram encontradas no celular do empresário, fotos da menina nua. A vítima foi levada ao Instituto Médico Legal (IML), onde passou por exames. Segundo a polícia, foram constatadas várias queimaduras, provavelmente provocadas por uma cola de alta aderência que o padrasto teria passado no corpo dela. Também havia resíduo químico nas partes íntimas da criança.

Sem título1Para o juiz do caso, Emerson Sumariva Júnior, as imagens foram fundamentais para dar início às investigações. “Essas investigações existiram e acabaram se desenvolvendo em cima de filmagens, que é uma realidade que nós vamos ter que conviver no processo penal, com as provas provenientes de filmagens. Hoje, nós temos câmeras em vários locais, em vários estabelecimentos, em casas, nas ruas. E, por isso, vários delitos acabam sendo esclarecidos ou pelo menos com possibilidade de investigação em razão dessas filmagens. Sem os vídeos eu acredito que nem denúncia teria no sentido de informação para a polícia, muito menos uma investigação.”

O padrasto preso por abusar e filmar a enteada permanece na penitenciária de Tremembé (SP) e aguarda a sentença do julgamento. A mulher dele, mãe da menina, chegou a ficar presa, mas foi solta em maio deste ano. A criança está sob os cuidados de tios-avôs.

Sem álibi
Em São José do Rio Preto (SP), câmeras de monitoramento de um comércio registraram um jovem agredindo a ex-mulher e um homem, dentro da loja. Após deixar o homem desmaiado, o agressor tenta sufocar a ex-mulher. Depois ele a segura contra a parede, passa uma rasteira, e a derruba no chão. Quando parecia que as agressões tinham terminado, o lutador aparece de repente e acerta um chute no rapaz, que cai novamente. O agressor é segurança profissional e lutador de jiu jitsu e as imagens ajudaram na identificação dele.

O homem que aparece sendo agredido na gravação é o empresário Daniel Baptistella. A vítima comenta que tenta esquecer aquele dia: “Comecei a ver as imagens, mas eu acabo que não fico vendo, porquê eu procurei abstrair isso da minha vida. Então, se eu ficar vendo as imagens aí começa a ter sentimentos, que não valem a pena, então eu acabo que não vejo, pra mim já passou. A importância das imagens foi fundamental até mesmo para eu saber que era ele. Eu não conseguiria identificar ele de jeito nenhum, se não fossem as imagens”, diz.

Sem título1Para a delegada responsável pelo caso, Dálice Aparecida Ceron, as imagens que filmam o dia a dia da loja, foram fundamentais para a investigação da polícia. “As imagens são muito importantes na apuração dos fatos e a sua autoria e também na responsabilização do agressor para que não haja erro com relação a outras pessoas. Muitas vezes o indivíduo é acusado indevidamente. Então com a imagem nós podemos dizer que evita essas situações constrangedoras.”

A Polícia Civil indiciou por lesão corporal o lutador de jiu-jitsu mostrado na reportagem agredindo duas pessoas. O Ministério Público anunciou nesta quinta-feira (2) que o homem pode ser processado dupla tentativa de homicídio. O suspeito responde ao processo em liberdade.

Câmeras e segurança
Na região de Jundiaí (SP), um sistema de câmeras nas ruas funciona como uma cerca virtual. Um barulho indica que um veículo roubado entrou na cidade e imediatamente os guardas municipais são acionados. As câmeras que mostram toda a ação são as mesmas que detectam pela placa um veículo suspeito. “As informações coletadas chegam com bastante rapidez e agilizam bastante o esclarecimento dos crimes”, ressalta o delegado Luís Carlos Duarte.

O sistema registra cerca de 5 milhões de fotos por dia. Ele é integrado entre 11 cidades e é possível até mesmo acompanhar a rota do motorista. “Pontualmente, através de câmeras de segurança, que viabiliza uma central de comando de inteligência e controle. E isso, facilita a ação preventiva, bem como facilita a identificação da ação criminosa”, afirma o presidente do Conselho Nacional dos Comandantes Gerais do Brasil, Carlos Helbingen Júnior.

Agressão foi flagrada por câmera e homem ficou preso (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Agressão foi flagrada por câmera e homem ficou preso (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Flagrante e consequências
As imagens de um circuito de segurança contribuíram para as investigações de um crime que chocou a cidade de São Roque (SP). O vídeo mostra um homem acertando uma cotovelada no rosto de uma mulher na saída de uma festa em agosto de 2014. Ela teve lesão no cérebro enquanto ele ficou preso.

De acordo com a promotoria, a lesão cerebral foi constada por laudo do IML apontou que a vítima teve uma lesão no cérebro. O advogado da vítima acredita que se não fossem as imagens, o agressor ficaria impune.

O Ministério Público pediu à Justiça para que o suspeito vá a júri popular. Ele continua preso e irá a júri em 18 de agosto deste ano.

Onde menos se espera
As novas tecnologias permitem que até mesmo o interior dos veículos seja vigiado 24 horas por dia. Em uma frota de ônibus em São Paulo foram instaladas quatro câmeras. As imagens são transmitidas em tempo real para uma central e também podem facilmente serem vistas por meio de um smartphone.

Além disso, ao entrar no veículo os passageiros são escaneados por uma câmera que faz o reconhecimento facial na hora do embarque. O gerente de marketing Marcelo Ponte ressalta a importância da instalação dos aparelhos.

Agressor obrigada menina a andar com pernas presas por fita (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Agressor obrigada menina a andar com pernas presas por fita (Foto: Reprodução/ TV TEM)

“A gente detectou que muitas vezes os incidentes que acontecem em transporte público têm dificuldade de identificar efetivamente se for um delito de uma pessoa ou se é uma pessoa que está oferecendo algum risco para sociedade. Pensando nisso, a empresa começou a desenvolver um sistema, onde você ofereça tanto pro proprietário da frota de ônibus, mas também para os órgãos competentes como polícia, bombeiro ou qualquer outro. A própria prefeitura ou o governo do estado, consegue ter acesso à essas imagens em tempo real.”

Em São José do Rio Preto, as câmeras dentro de um ônibus circular flagraram o momento exato da ação de um homem durante um assalto. O motorista contou que foi ameaçado com um canivete. Com medo ele entregou o dinheiro. O ladrão desceu do ônibus e o motorista foi atrás dele. O suspeito de 30 anos acabou preso pela polícia.

Febre dos ataques a bancos
Os ataques a caixas automáticos viraram rotina, principalmente nos municípios do interior de São Paulo, e as imagens do circuito de monitoramento são na maioria das vezes as únicas provas que a polícia pode iniciar a investigação. Por isso, as agências são cada vez mais monitoradas. Além da alta resolução, elas são resistentes à explosão, o que garante a segurança dos dados armazenados.

Flagrantes de explosões a caixas são fortes provas para investigação (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Flagrantes de explosões a caixas são fortes provas para investigação (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Nem mesmo os vigilantes estão livres de serem monitorados. A rota dos vigias também pode ser observada por uma central. Um aplicativo no celular reconhece adesivos que são fixados em pontos que fazem parte da ronda. O gerente de produto Jonatan Medeiros explica a utilização:

“Nós pensamos na simplicidade que com um celular, a central de monitoramento está acompanhando todos os passos do vigilante, qualquer problema que ele tiver ou se ele precisar de uma ajuda a central é notificada imediatamente. É uma segurança para o vigilante, porque, por exemplo, se eu sair com esse celular e o vigilante for rendido, sair da zona em que ele faz as rondas, a central já é notificada. Se alguém desligar o celular do vigilante, a central também é avisada em tempo real”, diz.

Com tantos “olhos” espalhados pelas cidades, a segurança ganhou um aliado a mais, garante o tenente da Polícia Rodoviária João Sadalla Sfair. “Aquela imagem, ela tem privacidade. Logicamente, que a partir do momento em que você quebra a ordem e aquela imagem pode colaborar para a elucidação de um crime, ou de algum consentimento de alguma infração de trânsito, ela sem dúvida será utilizada, mas a regra é a privacidade”, finaliza Sfair.

Sistemas de monitoramento particulares ou públicas tentam dar segurança (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Sistemas de monitoramento particulares ou públicas tentam dar segurança (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2015/07/serie-invasao-de-privacidade-retrata-flagrantes-em-investigacoes-policiais.html

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