Nem jovens escapam de golpe na web

Por Jéssica Antunes – jessica.antunes@jornaldebrasilia.com.br 

Mais conectados, adultos jovens se sentem mais seguros na rede e acabam sendo presas fáceis

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Os adultos jovens são mais conectados, se sentem mais seguros na rede e são vítimas de crimes cibernéticos cometidos por pessoas  ainda mais jovens. A constatação de estudos da área revela a dualidade de perfil da Geração Y, que cada vez mais acessa o mundo com polegares. Os que cresceram na era da informática, nascidos entre 1980 e 1990, representaram 43% das vítimas de crime on-line em 2014. Na internet, cursos prometem ensinar a prática do cibercrime.

No Brasil, 44 milhões de pessoas foram vítimas de ameaças virtuais, de acordo com a  empresa de solução de segurança para internet Norton, e causou prejuízo de bilhões de reais. Da conta da consultora de vendas Clécia Dourado, de 36 anos, foram mais de R$ 1 mil.

“Eu pagava todas as minhas contas pelo internet banking”, conta. Certa vez,  uma página muito semelhante à do banco pediu que confirmasse alguns dados. Ela colocou nome, CPF, identidade, nome da mãe e até todos os números de chave de segurança que tinha atrás do cartão. Mais tarde, descobriu o sumiço do dinheiro da conta corrente e soube que caiu em um golpe. “Nem estranhei ou desconfiei”, lembra.

Depois disso, ela mudou seus hábitos. Não compra ou paga nada pela internet: “Fiquei com medo”. Mesmo assim, Clécia admite não tomar cuidado com os aparelhos que usa cotidianamente. “Sou displicente mesmo. Tem vários antivírus para o celular, mas não tenho nenhum instalado”, diz. Mas garante que não abre mensagens sem saber a veracidade da fonte. “Nem tenho conta e recebo e-mail de renegociação de dívida”, mostra no computador.

Falta atenção

Nelson Barbosa é especialista em segurança da Norton e explica que os jovens passam mais tempo conectados, costumam sentir segurança em seu comportamento na internet e se preocupam com a velocidade do acesso às informações. Com isso, dão abertura ao não checar a fonte do link e não se proteger como deviam. “O crime virtual pode estar disfarçado de uma notícia relevante. As vítimas, geralmente, sofrem de falta de atenção e o criminoso digital visa fazer dinheiro”, diz Barbosa.

Cuidado com as redes wi-fi abertas

O levantamento mostra que 57% dos usuários da Geração Y já tiveram ou conhecem alguém que teve o e-mail acessado sem permissão; 98% se sentem confiantes em atualizar configurações de privacidade no celular; e somente 47% concordam que usar wi-fi público é mais perigoso do que usar banheiros públicos. A última comparação, apesar de parecer estranha, é considerada   muito prudente.

Redes liberadas podem ser armadilhas. Não se sabe quem está por trás da iniciativa e quais  as reais intenções.   “Geralmente, quando as redes são disponibilizadas por uma empresa ou governo, é necessário fazer cadastro e concordar com os termos de uso. É livre, mas tem um contrato. Mas não significa   que   é protegida”, diz Nelson Barbosa.

Outro   agravante é a possibilidade de ter uma segunda rede que utilize o nome de uma já conhecida e protegida para capturar a conexão. Além disso, é importante evitar o acesso ao  internet banking quando conectados a uma rede de wi-fi pública, e instalar e manter atualizado um software de segurança.

Escolas do cibercrime

Treinamentos para o cibercrime e dados para a prática criminosa podem ser adquiridos pela própria internet. Por R$ 300, que pode ser pago por cartão de crédito, é possível aprender a criar variantes de malware (vírus), páginas de phishing (idênticas às originais) e treinamento de carding (o roubo de credenciais de cartões de crédito).

Foi o que constatou um estudo da empresa de segurança Trend Micro, que afirma: “Os desenvolvedores típicos são jovens e têm um conhecimento prático de criação de software. Na maioria das vezes, são estudantes que adquiriram suas habilidades na escola”.

No Facebook, inclusive, os cibercriminosos agem livremente. Com uma conta falsa, oferecem a venda de Informações de Cartão de Crédito (INFOCC) por valores que variam de R$ 200 a R$ 1 mil.

 

Saiba mais

Em 2012, a Lei 12.737 alterou o Código Penal e tipificou os crimes cibernéticos no Brasil.

Quem invadir dispositivo   alheio (computadores, tablets, notebooks, celulares, entre outros), conectado  ou não à internet, criar programas de violação de dados ou divulgar e negociar informações obtidas de forma ilícita poderá ser punido com multa e até prisão.

As penas variam de três meses a dois anos de reclusão.

 

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília, disponível em http://www.jornaldebrasilia.com.br/noticias/cidades/684455/nem-a-geracao-y-escapam-de-golpe-na-web/

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