“Baleia Azul” é debatido em audiência pública na Câmara de Salvador

Participantes do debate defenderam mais atenção de pais e autoridades para com os jovens

Por: Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 08/05/2017 às 18:53

 

Jovens compareceram em bom número Foto: Reginaldo Ipê

Jovens compareceram em bom número              Foto: Reginaldo Ipê

O jogo “Baleia Azul”, difundido por sites da Internet, que tem levado jovens à automutilação e ao suicídio, foi tema de audiência pública nesta segunda-feira, 8, na Câmara de Salvador. Promovido pela vereadora Rogéria Santos (PRB) foi “uma forma de conscientização e educação” contra esse fenômeno. O debate, no auditório do Centro de Cultura, reuniu professores, jovens, pais, representante do Ministério Público e religiosos.

Houve um consenso de que o jogo, composto por uma série de desafios, trata-se de um problema dos mais sérios e deve-se atacar a sua causa. Ele aproveita da fragilidade dos jovens, conduzidos a atitudes danosas à saúde.

Manipulação

O promotor do Núcleo de Combate aos Crimes Cibernéticos (Nucciber) do Ministério Público do Estado da Bahia (MP/BA), Fabrizzio Rabelo, explicou que existe um desconhecimento sobre o contexto digital da sociedade atual: “Tudo se materializa por meio de dispositivos de informática, por redes sociais e pela nuvem de dados”.

Segundo ele o termo jogo é apenas uma forma de manipulação de consciências de que psicopatas se aproveitam para atrair jovens a se torturarem. Ele concluiu que, assim como outros desafios que surgiram e irão ocorrer, devem ser abordados com um outro olhar.

“Qual adolescente não gosta de fazer um desafio? Infelizmente colocamos o tema suicídio debaixo do tapete como não sofressem. O que estamos enfrentando na verdade é um caso de saúde pública, de espírito, educação familiar e falta de consciência do novo contexto digital da sociedade”, declarou.

De acordo com o representante da Secretária Municipal de Saúde, o médico psiquiatra Ivan Araújo, profissionalmente existia a ignorância de que crianças não adoeciam psicologicamente e que as atuais políticas públicas são deficientes para doenças invisíveis: “Os jovens se cortam para aliviar as dores invisíveis causadas pelo vazio que sentem, ou pela a impotência ao lidar com as suas emoções”.

Mídia propaga

Na opinião da defensora pública Maria Carmem devemos estar atentos para praticar a solidariedade ao próximo: “Quando não nos dispomos a auxiliar o outro nos colocamos em um campo de violência. O Baleia Azul não é um jogo, é uma atividade que vai se adaptar às nossas fragilidades e tem sido propagada pela mídia. Além da obrigação pública temos que reforçar a nossa responsabilidade como pessoas”.

Já a representante da Safernet, organização de defesa dos direitos humanos na internet, psicóloga Juliana Cunha, apresentou dados na qual aponta que 38% dos jovens que acessam a rede já estiveram em contato com conteúdos que ensinam a automutilação. Ela observou que, assim como qualquer outro espaço, a Internet oferece perigos, sendo necessário medidas de educação para responder e agir em situações como o Baleia Azul.

“Proibir o acesso de crianças ao uso dos espaços digitais não é uma atitude adequada, podemos fazer desse ambiente um lugar de cidadania e produtividade para lidarmos com esses desafios, que agora se chama Baleia Azul, e que amanhã terá vários outros nomes”, afirmou.

Participaram do debate o representante da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, Crianças e Juventude, Bruno Miranda, e o coordenador do Força Jovem Universal da Bahia, Rodrigo Maurício.

Fonte: http://www.bahiaja.com.br/politica/noticia/2017/05/08/baleia-azul-e-debatido-em-audiencia-publica-na-camara-de-salvador,100397,0.html

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